A cesta vazia

A cesta vazia

Alegro-me em saber que muitos de vós estão bem. Neste inverno Latino-Americano tudo é lento e ao mesmo tempo frenético. tudo corre, e o ruido não deixa por vezes espaço à verdadeira contemplação da vida que acontece...! Certo que para a Europa neste momento, o verão é propicio a momentos de encontro, e esses são realmente de privilegiar quando tudo e todos correm para seu lado. Parar um pouco e deixar que o interior de nós mesmos se renove é precioso para dar mais vida à vida.
A propósito...Tive pena nestes dias quando me disseram que uma senhora idosa que todos os dias estava aqui perto do nosso portão, sentada no chão do passeio empoeirado; sempre com uma cesta de rebuçados e chocolates à espera que um a um se fossem vendendo.... o que creio, ao fim do dia não daria mais de dois euros de lucro...! Pois uma bela manhã vi a mesma cesta de vime, com algumas flores dentro, e a tal senhora já não estava! Soube então com tristeza que esses caramelos doces também o deixaram de ser para mim. Os anos que até nem eram muitos daquele rosto já muito rugoso e triste pareciam dar sempre cada vez mais anos à vida....sabes, era a doença que não tinha recursos para ser curada, num semblante triste e sofrido de quem esperava apenas encontrar o sustento do pão de cada dia. Com os seus aparentes oitenta anos, nada mais eram que 20 menos que o sofrimento, a doença e abandono tinham carregado de dor ao longo do tempo! Também as belas flores o deixaram de ser, mas essas para todos os que agora passam e vêem apenas uma cesta vazia de uma presença que já era constante. Constante agora é o pensamento na memória de alguém que por ali passando, recorda como eu, o silêncio de uma cesta vazia. Querida Tiana, que o doce dos teus caramelos possam adoçar a boca dos Anjos que sempre nos trazem a presença de Deus nos rostos que encontramos. A Paz para ti!
Continuação e desejos de bons momentos fraternos.