Domingo, dia 23 de Novembro de 2008
Caríssimo amigo e amiga, irmão ou irmã, votos e desejos de um Santo Domingo e de todo o bem.
Neste dia de Cristo Rei desejo partilhar este Evangelho da liturgia de hoje.
Daqui também e sobretudo uma cartinha que escrevi para ti, para vós. É apenas para expressar a minha profunda gratidão pela vossa amizade e o vosso carinho ao longo deste ano que passei no Peru.
Lê o Evangelho que não te faz mal....Nele pensei e reflecti nas palavras que em gesto de despedida te queria dizer. Mas primeiro ganha tempo....e lê, sim lê porque é o Evangelho da Missa deste Domingo.
Evangelho segundo S. Mateus 25,31-46.
«Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos. O Rei dirá, então, aos da sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.’ Então, os justos vão responder-lhe: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’ E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: 'Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.’ Em seguida dirá aos da esquerda: 'Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me.’ Por sua vez, eles perguntarão: 'Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?’ Ele responderá, então: 'Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.’ Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna.» Da Bíblia Sagrada
Caríssimo amigo e amiga, irmão ou irmã, votos e desejos de um Santo Domingo e de todo o bem.
Neste dia de Cristo Rei desejo partilhar este Evangelho da liturgia de hoje.
Daqui também e sobretudo uma cartinha que escrevi para ti, para vós. É apenas para expressar a minha profunda gratidão pela vossa amizade e o vosso carinho ao longo deste ano que passei no Peru.
Lê o Evangelho que não te faz mal....Nele pensei e reflecti nas palavras que em gesto de despedida te queria dizer. Mas primeiro ganha tempo....e lê, sim lê porque é o Evangelho da Missa deste Domingo.
Evangelho segundo S. Mateus 25,31-46.
«Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos. O Rei dirá, então, aos da sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.’ Então, os justos vão responder-lhe: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’ E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: 'Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.’ Em seguida dirá aos da esquerda: 'Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me.’ Por sua vez, eles perguntarão: 'Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?’ Ele responderá, então: 'Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.’ Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna.» Da Bíblia Sagrada
Quase um ano passou...
Já quase de regresso a Portugal, de onde estive ausente nesta aventura da América Latina. Um pouco por desafio pessoal, no que sem querer se tornou numa experiência inigualável e fascinante; mas mais como serviço à Igreja para poder partilhar com os mais simples e pobres a mesma sorte, a mesma mesa, a mesma tristeza e angustia. Contudo certamente e muito mais a alegria, a esperança e sobretudo a Fé.
A nossa Missão dos Missionários Monfortinos aqui no Peru faz parte dum projecto mais amplo que nos vê empenhados ao serviço dos mais pobres do Terceiro Mundo. Esta “Delegação Geral Peru-Brasil” tem neste momento cerca de 30 missionários a trabalhar nestes dois países. No nosso grupo estão italianos, franceses, holandeses e naturalmente, quase a metade de peruanos. Estamos nestes arredores de Lima, onde as os bairros mais pobres do Peru fazem deste pais talvez o mais pobre de toda a América Latina. As pessoas vivem em barracas de esteiras e madeira, muitas delas sem tecto. Esgotos, luz, água quente!? Para muitos ainda uma miragem! A vida passada nas ruas empoeiradas faz conviver diariamente sem muitas condições, milhares de pessoas na mais extrema pobreza, miséria e abandono. A Igreja em geral está muito presente. Aqui a acção Missionária é constante, permanente e tem sempre todo o campo aberto.... pois há quase tudo por fazer. Por mais que se faça, parece que se está sempre a começar.
Num serviço gratuito, que foi constantemente animado pela paixão na missão que a Igreja tem para com os mais pobres, vi assim voar o tempo. Pude, com a ajuda de Deus ser presença amiga e constante com os mais desfavorecidos e necessitados juntamente com os meus colegas missionários à imagem de São Luís de Montfort.
Dizer mais com os gestos que com as palavras que os amava. Ouvir e compartir. Quem não concorda, mas escuta. A demonstração de amor requer mais do que palavras, precisa de escuta, partilha e solidariedade, tudo para que se sentissem amados por alguém. Sente-se amado quem é escutado. Foi determinante o tempo sem tempo. O anseio faminto de um povo esquecido e sofredor de uma presença que fosse ombro para as mágoas e também efectivas necessidades básicas como o pão para a boca. O interesse real pelas suas vidas, pelas suas almas pelo seu futuro que começa hoje levou-me sempre a um zelo constante pela sua felicidade. Muita solidão ....eu amo-te não diz tudo! Senti muitas vezes que este tom cinzento da solidão de muitos assumia uma cor diferente apenas com um sorriso e com um abraço.
O ambiente triste e pobre em que vivem muitos, leva ao afastamento e isolamento, e até abandono do resto e dos demais. Já Jesus dizia que era mais fácil amar os amigos...! Dos que nada tem e até o cheiro afasta, escuta-se a voz silenciosa:”porque te afastas....porque foges!?” E o coração fica inquieto! Dele brotam igualmente no silencio as as palavras: “Ama-me quando eu menos merecer, porque é quando eu mais preciso”.
Sempre se disse que os “olhos são as janelas da alma”. Muitos semblantes apagados, tristes e silêncios. Sim, muitos, tantos e tantos. E o mais triste e comovente são os das crianças. Olhos perdidos no tempo e vazios, quase a denunciar uma infância roubada porque crescidos demasiado depressa para a vida e para o nada, para a incerteza e para sofrimento! Crianças que parecem adultos e adultos que já parecem idosos! Sorriem pouco. Não há rostos de felicidade.
Sem nunca desanimar, vi e vivi situações difíceis de esquecer. Algumas destas até estão no Blog e, aí apenas ficam palavras com algumas imagens que nos dão que pensar! Sempre acreditei que a vida partilhada com alegria é mais bonita. Essa mesma alegria, por vezes até cinzenta...foi determinante para superar pacientemente episódios concretos, adquirindo o ritmo dum tempo que custava a passar! Não me sinto mais forte que ou outros, a minha fé também vacila! O mais inútil servo que Deus escolheu, assim era e é o que penso tantas vezes; para uma missão tão nobre: Ser Missionário. Aqui encontrei rostos, almas e corações que sem a mínima dúvida estão no caminho do Céu. O abandono, o sofrimento e a dor de tantos (e tão pequenos por vezes) para as grandes dificuldades que se lhes deparam, fazem de todos eles os eleitos e predilectos de Cristo. Nestas palavras, o meu pensamento está fixo naqueles que vós já conheceis, nos DONOS DO CÉU: OS POBRES. A eles Deus me enviou e com eles nunca me desamparou.
Ao abrir as mãos na fé e na oração pude abraçar a todos e coloca-los sobre o altar cada dia. Ofereci muitas e muitas vezes a Eucaristia por eles e com eles recolhendo-os sobre o Sacrifício de Cristo no altar. Nestes momentos senti sempre que havia anjos presentes, porque estes protegem, defendem e assistem os mais simples e pequenos...! Destes últimos, foram muitos os que eu erradamente pensei desamparados! Enganado estava! Sem uma mão na terra, ao menos visível aos meus olhos, havia e há continuamente quem os não esquece nem desampara: a nossa Mãe comum, Maria. A “Virgenzita” como tantos carinhosamente Lhe chamam! Nossa Senhora, Maria, foi, é e será sempre a Mãe Celeste que nunca abandona os que Nela confiam. A devoção à Santíssima Virgem está presente no amor que todos sentimos por Ela; e o povo Peruano tem-Na sempre como “Mamita do Céu” bem junta com o “Senhor de los Milagros”:Jesus. Aqui aprendi que quem está com Maria está com seu filho, e quem está com o Filho tem sempre Uma Mãe por perto! E mais: estar com os pobres é estar mais perto de Deus! Eles são os verdadeiros predilectos.
Nunca me foi recusado um só dos milhares de rosários que ia dando a quem Jesus me fazia encontrar no meu caminho. Das várias manifestações de fé que se sentem, é a abertura às coisas de Deus, e que mais toca o coração. Uma palavra amiga, um gesto de carinho, uma bênção, uma medalha, água benta ou seja um rosário....; tudo é sempre uma dádiva que não vem por acaso. Tudo isso a gente pura e simples vive e sente. Estas pequenas e ao mesmo tempo grandes ajudas da Graça, fazem com que um inteiro povo extremamente natural e simples, acolha e viva a dimensão da fé na própria vida quotidiana.
Neste momento queria pois apenas e só expressar a minha profunda e imensa gratidão a todos vós que ao longo deste tempo me acompanhais nesta missão que foi e é também vossa.
Muitas ou quase todas as acções de solidariedade –e foram muitas- que se puderam realizar, se devem a todos vós que quisestes partilhar com todos estes nossos irmãos o que o vosso coração vos inspirava e ditava. O que colocastes nas minhas mãos foi o que eu pude meter nas mãos, no coração e na mesa daqueles a quem Deus me enviava; ou aos quais Ela me conduzia. Agora posso dizer que os milhares de rosários ou de kgs de tudo e mais... foi apenas uma gota neste imenso mar... mas que certamente fez a diferença no dia e na hora em que irrigou a alma ou o coração em que foi partilhado.
Deus coloca nas nossas mãos o que quer e deseja que partilhemos.
O imenso bem que Deus faz com as nossas mãos e o que nelas coloca é sempre dom de Sua imensa bondade. Cada um de vós foi um irmão, irmã, pai e mãe não só para mim; mas sobretudo para os nossos “próximos” que até estavam bem longe. Fostes pois a minha grande família que me fez sentir durante esta minha presença aqui o vosso carinho. A vossa preciosa amizade fez desta partilha fraterna com que também eu pudesse transmitir mais alegria e esperança e contribuir para que um pedacinho de mundo fosse mais humano e mais justo. Cristo vive , sente e ama com as nossas pernas com os nossos braços, com os nossos corações...!
Das vezes que as mãos se abriam, aí estavam também as vossas! Porque por detrás das minhas, estava a generosidade de todos vós que sempre desejastes estar cada vez mais perto destes Donos do Céu.
Asseguro-vos que conseguistes um lugar bem junto de cada um, e eles bem sabeis são os predilectos, e porque o bem nunca será esquecido nem na terra nem no Céu.
Com muito “cariño”
Em Cristo, Maria e Montfort
Padre Luís




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