Migalhas também são Pão

Migalhas também são pão

Nem todas as imagens que reflectem a realidade podem ser belas! Ao caminhar hoje pelas ruas cheias de terra e pó desta cidade de Huaycan, casualmente cruzei-me com uma destas cruas realidades. Quase com vergonha, saquei da máquina fotográfica. Até chegar a uma carrinha que me levaria abaixo pelo vale, ia tirando umas fotos que como disse me envergonho sempre de tirar, e quase nunca olho a objectiva...! Na situação concreta que não vou descrever, tive a curiosidade (porque não havia ninguém nesse momento) de espreitar de fora para uma barraca! A sequência fala por si!
Imagino amanhã este local a encher-se de crianças à hora do almoço para receber essas migalhas duma sociedade que ainda encontra um lugar para elas! Não será as nossas mesas fartas; certamente não haverá pudim nem gelado! Não haverá flores sobre a mesa. Serão pois essas migalhas..., de arroz ou batatas com um cheirinho talvez a frango!
Estes comedores populares, quer do estado quer da Igreja são para muitos único sustento alimentar. O governo de Alan Garcia decidiu distribuir algumas ajudas directamente aos mais pobres: sacos de arroz, legumes, açúcar e óleo. O objectivo é chegar a 110.000 famílias.

Porque será que às nossas necessidades lhes chamamos direitos, e quando são as necessidades dos outros lhes chamamos lamentos?

Esta não é uma história, é apenas o ambiente quotidiano de um povo que vive e conta a sua vida numa realidade que é a sua história!

Estas migalhas, embora poucas também são pão!